sábado, 6 de dezembro de 2014

O Caiaque (Salada Sensorial)

Você acha que pode controlar as coisas né?
Controlar a situação?
Não, você não controla nada. Já viu o esforço que faz só para levantar da cama?
Mesmo que esteja um belo dia lá fora. Cheio de sons, luzes e cores; texturas, cheiros e sabores... possibilidades e amores.
Largue esse celular, quebre a TV e desligue a porra do computador.
Agora saia!
Olhe para um lado e para o outro...
Encontre um caiaque.
Sim, eu disse um caiaque, remos e o caralho!
Encontrou?
Então...
É melhor você colocar a bunda nesse caiaque e apenas descer na correnteza - seguir o fluxo.
Assim como sente o fluxo de gangue nas veias ao sentir o coração batendo forte, pelos arrepiados, vento e respingos gelados tocando o seu rosto.
De repente, vem um frio na barriga, que corta e segue pela espinha e em seguida um arrepio visceral...
Caiu a ficha.
Não tem volta.
Agora, só resta estar presente curtindo o trajeto e ser bombardeado pelo misto das mais incríveis das sensações.
Ai você permanece lúcido, ofegante, alerta e totalmente consciente.
E nesse momento tudo vai passando lentamente diante dos seus olhos, enquanto vai largando as correntes e soltando suas amarras, de vagar.
Você continua descendo e descendo... a sensibilidade vem a flor da pele.
Consegue ver agora?
Sem limites - é adrenalina pura.
Sem vaidade - a liberdade parece tão real, justa e genuína a essa altura que você apenas segue, sendo conduzido ao som da porradeira.
Nesse estagio, já atingiu o mais alto nível de percepção.
Chegou ao habitat natural daquilo que chamam de alma e que de tempos em tempos cede ao impulso de se libertar.
Sem mais... Isso é viver.